Mayara Baptista homenageia Itamar Assumpção no Teatro Oficina

Por: Erick Bonder

Fotos: Hugo Sá e Jennifer Glass

A segunda temporada do espetáculo Pretobrás, e daí?, em homenagem a Itamar Assumpção, será realizada nas próximas segunda-feiras, dias 22/4 e 29/4, em São Paulo (ingressos aqui). Idealizado, dirigido e protagonizado por Mayara Baptista, o show-peça acontecerá no histórico Teatro Oficina, contando com elenco e banda da companhia, além de participações de Juçara Marçal, Saskia, Jadsa e Iara Rennó.

Ao cantar as canções de Itamar, Mayara Baptista constroi uma linguagem que evidencia a veia  já presente (basta assistir a um registro de Ita em shows para perceber) na obra do músico. O personagem principal, Nego Dito, criado por Assumpção em seu álbum de estreia Beleléu, Leléu, Eu (1980), toma conta do palco-rua do Oficina cantando versos como “Fico louco, faço cara de mau/ Falo o que me vem na cabeça”, ora empunhando um facão, ora amarrado em uma camisa de força.

“Ele sempre foi referência no meu jeito de interpretar. O Itamar era um ator, que brincava muito bem com essa linguagem em cima do palco. E a linguagem dele tem a ver com o que é feito no Teatro Oficina, não diretamente, mas com muita convergência. São formas que se unem em algum momento, ainda com a presença de Denise Assunção, irmã de Itamar, que é um grande laço nesse sentido”, explicou Mayara, sobre a forma de adaptar o trabalho do músico à uma peça.

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O repertório escolhido privilegia as características dramáticas, presentes não apenas nas letras e trejeitos do artista homenageado, mas na própria estrutura das canções de Itamar – em que recursos como, por exemplo, os backing vocals, são utilizados para construir diálogos. 

“A ideia na minha cabeça, em relação à dramaturgia, era contar a história do Nego Dito. Seguir essa linha do início ao fim do show. Apesar disso, inicialmente queria fazer só o repertório de ‘Sampa Midnight’ (1984), que é um dos álbuns que mais gosto. Mas aí pensei: ‘Nossa, tem tanta música da discografia, vou pegar um pouquinho de cada álbum’. Então, misturei um pouco de tudo”.

Sobre as etapas para colocar o espetáculo de pé e sua atuação em diversas frentes, como diretora, atriz e produtora, Mayara declarou: “Tive que pensar muito rápido, porque, quando a ideia rolou, faltavam só dois meses para a data de falecimento do Itamar, quando o show aconteceu. Ensaiamos durante um mês, mas a galera conseguiu beber da fonte e soube devorar a obra. Mas é um pouco como funciona para o artista brasileiro, né? Nós precisamos dirigir, atuar, escolher figurino, ensaiar a banda, fazer financeiro, produção e tudo o que aparecer”.

Em relação às participações de Juçara Marçal, Saskia, Jadsa e Iara Rennó na segunda temporada do show, Mayara comenta: “São mulheres que eu admiro demais, com trabalhos incríveis atravessados pela obra do Itamar. É impressionante como a obra dele atravessa gerações”.

“Itamar Assumpção é revolução em movimento”, declara Mayara, e continua: “Ele teve coragem de subverter esse rolo compressor que é a indústria musical. Isso era genial. Ele disse: ‘Eu não preciso de vocês para existir’”. Vale a pena celebrar a vida e a obra de Itamar assistindo Pretobrás, e daí?, com Mayara Babtista e grande elenco, nos dias 22 e 29 de abril no Teatro Oficina

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Post original através de noize.com.br

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