×

Mulher suspeita de colar cartaz com o nome de Israel e uma suástica em fachada de teatro diz que ato não foi antissemita | Bairros

Mulher suspeita de colar cartaz com o nome de Israel e uma suástica em fachada de teatro diz que ato não foi antissemita | Bairros

A mulher flagrada em vídeo ao lado de um homem, colando um cartaz que trazia uma suástica, símbolo nazista, sobre o nome de Israel, no Teatro Municipal Sérgio Porto, no Humaitá, afirma que o ato não foi antissemita. De acordo com ela, o protesto não era contra os israelenses, mas denunciava as ações do governo de ultradireita de Benjamin Netanyahu sobre o povo palestino. Marieta Tunes Dantas foi identificada e ouvida na sexta-feira na 16ºDP (Botafogo).

  • Operação: Três homens são detidos por vandalismo no BRT no fim de semana
  • Leveza e naturalidade: Confira sugestões de looks para o réveillon e o verão 2024

Segundo Marieta, de 46 anos, que é filósofa, o cartaz não era seu. Ela enviou um áudio ao GLOBO por meio de seu advogado para falar do caso, e não quis se pronunciar a respeito do homem com quem aparece no vídeo.

— Eu acompanhei a colocação do cartaz porque me defino como uma humanista. Estou sofrendo muito pelo genocídio dos palestinos, assim como pelo sequestro dos judeus pelo Hamas. O ato foi antinazista, uma denúncia do que o governo de extrema-direita está fazendo com os palestinos, que se assemelha com o nazismo. O cartaz não era meu. Peço desculpas se a arte ofendeu algum judeu. Peço socorro aos palestinos e judeus. Peço paz e cessar fogo nessa época em que estamos, do Natal. Uma prece e oração pela paz — disse.

De acordo com o advogado Fernando Fernandes, que a representa, Marieta teria encontrado casualmente o homem que estava fazendo o protesto e o acompanhou na colocação do cartaz, que, segundo ele, era um “lambe-lambe”, fixado com cola d’água e já retirado sem causar dano ao painel. Na delegacia, ao prestar depoimento, ela disse que não sabia o nome do rapaz, mas confirmou que após a colocação do cartaz ambos foram para um bar, confirmando relatos de testemunhas.

— O ato foi infeliz na forma artística, mas não é crime usar a suástica nazista para denunciar o nazismo ou ato de desumanidade. É crime colocar a suástica nazista ou divulgá-la com fins de propagar o nazismo. Ela afirma que foi um ato de protesto contra as ações do governo de ultradireita de Benjamin Netanyahu sobre o povo palestino, não contra os israelenses. Ela prestou esclarecimento e explicou que o ato não tem nenhuma relação com os nazistas — declarou o advogado.

Em petição à delegacia, Fernandes expôs estes argumentos e pediu que não haja instauração de inquérito, defendendo que não houve nem apologia ao nazismo nem dano ao patrimônio público e que o caso configura “conduta manifestamente atípica”, conforme o artigo 5º do Código de Processo Penal.

Titular da 10ªDP (Botafogo), o delegado Alan Luxardo ainda não tomou uma decisão. Ele informa que o homem que estava com Marieta não foi localizado até o momento.

— Após diligenciar no local identificamos a mulher, na quinta-feira. Através de sua defesa foi combinado de ela se apresentar na sexta-feira para depor. Agora vamos ouvir mais uma testemunha para finalizar as investigações — disse Luxardo, destacando que, se o indiciamento for feito, será ao final da investigação.

Autora do painel, Rafa Mon diz que vai processar os dois:

— É uma mensagem antissemita. Danificaram um órgão de cultura pública e uma obra de arte que homenageia um poeta para colarem um cartaz de ódio.

Ricardo Brajterman, advogado de Rafa, diz que a dupla causou danos ao patrimônio público e à obra da artista e ainda pode ser enquadrada em diversas outras práticas criminais, como racismo e intolerância religiosa. Ele lembra ainda que a utilização de símbolos ligados ao nazismo é proibida.

A Secretaria municipal de Cultura também afirma que pretende responsablizar a dupla pela colocação do cartaz na fachada do Sérgio Porto.

Post original através de https://oglobo.globo.com/google/amp/rio/bairros/noticia/2023/12/23/mulher-suspeita-de-colar-cartaz-com-o-nome-de-israel-e-uma-suastica-em-fachada-de-teatro-diz-que-ato-nao-foi-antissemita.ghtml:

Post Comment