Comissão luta pelo renascimento do Teatro Mutirão em Marliéria

07 de janeiro, de 2024 | 07:00

Comissão luta pelo renascimento do Teatro Mutirão em Marliéria

Silvia Miranda – Repórter Diário do Aço
A comunidade de Marliéria prepara o início do processo de resgate e retomada das atividades do antigo Teatro Mutirão. Um importante espaço de expressão artística e cultural do município. O prédio, que atualmente está em ruínas, pode passar uma total revitalização e se transformar em uma Casa de Cultura. Uma comissão formada por artistas e moradores deu início às tratativas para concretização desse projeto.

Conforme divulgado pela Diocese Itabira/Coronel Fabriciano, em novembro de 2023 foi criada uma comissão para recuperação e incentivo das atividades do Teatro Mutirão. A primeira decisão dos membros foi pela regularização do imóvel para os devidos encaminhamentos de projetos de reforma, reestruturação do espaço e captação de recursos para iniciar o resgate histórico, humano e cultural do Teatro Mutirão.

No fim do mês de dezembro, na Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, foi anunciado que a legalização do imóvel foi concluída e falta agora concluir o registro do imóvel, para começar a reforma do teatro.

Ubiratan de Lana Castro, um dos membros da comissão, explica ao Diário do Aço que o imóvel onde está construído o prédio do teatro, é fruto de doação à Paróquia Nossa Senhora das Dores, de Marliéria, no ano de 1954, pelo antigo morador, Lindouro Moreira Torres.

À época, coordenado pela paróquia, foi construído o Cine Teatro Nossa Senhora das Dores, a partir da realização de trabalhos voluntários e doações diversas da comunidade. No espaço eram realizados eventos culturais e sociais, dentre elas, apresentação de peças teatrais, cinema, festas, reuniões, shows musicais, datas comemorativas e muitos outros.

Ainda conforme Ubiratan de Lana, no fim da década de 1970, o espaço passou por uma reforma e foi denominado como Teatro Mutirão, em alusão aos trabalhos voluntários realizados pela comunidade. “Atualmente, o prédio está em ruínas. Neste momento, o terreno está em processo de regularização, em nome da paróquia, pelo meio jurídico de usucapião, com previsão de conclusão até o mês de maio deste ano. Após concluída esta fase, será elaborado o projeto arquitetônico para a construção do novo prédio do teatro”, explicou.

Diocese Itabira/Fabriciano
Comissão criada em novembro de 2023, para recuperação e incentivo das atividades do Teatro Mutirão

Utilização
A reabertura do espaço oferecerá mais condições e oportunidades para as apresentações dos atores do antigo grupo teatral Babilônia, e outros moradores que mantêm vivas as atividades culturais da cidade. A comissão também pretende dar oportunidade para outros grupos e produções artísticas. “Além de contar com a possibilidade de exibição de cinema, realização de shows musicais, festas, conferências, reuniões, datas comemorativas. Será um Centro Cultural permanente da comunidade”, ressaltou Ubiratan Lana.

Custos
A comissão avalia que será necessário um levantamento de recursos, para viabilização da obra, mas ainda não há uma estimativa total do custo. “Por ser uma obra com o objetivo coletivo, com importância histórica e sem fins lucrativos, pretende-se inscrever e aprovar projetos para a captação de recursos por meio de isenção fiscal, como para a Lei Estadual de Incentivo à Cultura ou Lei Rouanet, além de outros editais que estiverem aptos para este tipo de financiamento público”, argumenta Ubiratan Lana.

O grupo ainda deve lançar campanhas para patrocínio direto, com doações a serem feitas por pessoas físicas ou jurídicas. Todos os trabalhos terão o acompanhamento da Paróquia Nossa Senhora das Dores, com a gestão de um grupo, a ser escolhido e aprovado para esta finalidade.

Comissão
Os membros da comissão convocados foram, Domingos Sávio de Castro, Denise de Castro Pereira, Ildeniza Moreira Valadares, Nilmara Moreira Brandão Horta, Edmilson Araújo Castro, José dos Santos Avelino (Toló), Domingos Sávio de Castro (Savinho), Beatriz Rodrigues Horta Breder, Maria de Lourdes Quintão Araújo, Rosane de Assis Horta, Sílvia Aparecida Castro Gonçalves Morais, Padre Márcio Rodrigo Mota. Alguns membros foram indicados: Orli Moreira Araújo Castro, Ubiratan de Lana Castro, Ênio Quintão Torres e Márcio Figueiras Amorim.

Teatro integra a história de tradições culturais do município

Espetáculos apresentados nos anos de 1960 e 1970, são algumas das memórias do Teatro Mutirão, que a empresária, Denise de Castro Pereira se lembra. Além de participar de algumas peças, ainda na infância, ela conta sobre os animados bailes de carnaval da época. “Naqueles anos tínhamos carnavais belíssimos, as pessoas vestiam lindas fantasias. O teatro era o clube da cidade, o maior espaço de festa, um lugar que parecia tão grande e tão fantástico naquele tempo”, recorda.

Os marlierenses se orgulham da forte vocação cultural do município. A história local tem o teatro, a cultura e a educação sempre muito ativos, representados em multiformas de manifestação. “Reconstruir o teatro significa dar voz e vida à estas representatividades culturais e ao seu povo. Será a propulsão para a construção de novas oportunidades, promovendo a manutenção e a continuidade de sua história e de seu coletivo”, defende Ubiratan de Lana Castro.