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Artistas e público de Cachoeiro cobram reforma do Teatro Rubem Braga

Artistas e público de Cachoeiro cobram reforma do Teatro Rubem Braga

O Teatro Municipal Rubem Braga, em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo, segue sem uma previsão de retorno às atividades. O espaço está fechado desde 2020, quando foi afetado pela maior enchente da história do município. Apesar do repasse de pouco mais de R$ 3,5 milhões do governo do Estado para a reforma, a gestão do prefeito Victor Coelho (PSB) ainda não publicou o edital de licitação para contratar a empresa que se responsabilizará pelas obras.

O anúncio da assinatura do convênio entre o governo do Estado e a Prefeitura de Cachoeiro ocorreu em outubro de 2023. Na ocasião, o governo do Estado informou que as obras deverão ter duração de 14 meses. Entretanto, o Termo do Convênio (número 006/2023) só foi publicado no Diário Oficial do Espírito Santo no último dia 29 de dezembro. O valor repassado também é inferior aos R$ 5 milhões que o governador Renato Casagrande (PSB) havia anunciado em maio do ano passado.

Nessa quinta-feira (25), completaram-se quatro anos da enchente de 2020 e, consequentemente, que o Teatro Rubem Braga está sem funcionamento. Para a atriz e produtora cultural Amanda Malta, a impossibilidade de utilização do principal espaço para espetáculos de Cachoeiro provoca impactos muito negativos não só para os artistas, mas para a população cachoeirense em geral.

“Para os artistas, principalmente das artes cênicas, quatro anos sem o teatro municipal significam quatro anos sem um espaço digno e técnico para se apresentar, para trabalhar e sobreviver. A ausência do teatro também resulta no empobrecimento cultural, artístico e intelectual da sociedade cachoeirense. São gerações que não sabem mais o que é ir ao teatro. Esse é um projeto de desmonte cultural”, protesta.

Para Amanda, a demora no início da reforma ocasiona a perda do trabalho de formação de público realizado junto ao teatro nos vinte anos em que esteve em funcionamento. Ela também critica a atual gestão da Prefeitura de Cachoeiro por não ter dado prioridade à retomada do teatro.

“Se hoje a cidade ainda respira cultura, é porque artistas independentes da gestão pública têm resistido, suado muito, dado sangue, realizado projetos através de recursos próprios ou de editais que o Estado e o governo federal tem oportunizado, para que algum ponto de esperança continue aceso na cidade”, lamenta.

Procedimentos se arrastam

Inaugurado em 28 de abril de 2000, o Teatro Municipal Rubem Braga chegou a alcançar média de 35 mil espectadores por ano, de acordo com a Prefeitura de Cachoeiro, que afirma que a reforma – quando ocorrer – transformará o espaço em um dos mais modernos e bem equipados do Espírito Santo.

A enchente que danificou o teatro ocorreu no mesmo ano em que o espaço completaria 20 anos de funcionamento. Ainda em 2020, quando a pandemia de Covid-19 já havia surgido, a gestão do prefeito Victor Coelho informou que os projetos para a reforma estavam sendo elaborados internamente.

Entretanto, de acordo com a Prefeitura, foi necessário contratar uma empresa especializada para a elaboração dos projetos de cenotécnica, iluminação cênica, sonorização, acústica e ambientação, o que só ocorreu em maio de 2022. Victor Coelho assinou o contrato com a empresa durante uma solenidade oficial organizada apenas para a exibição desse ato, realizada em frente ao teatro.

Com os projetos finalizados, a prefeitura noticiou, em setembro de 2022, que a licitação para a reforma estava prevista para ocorrer ainda naquele. Em fevereiro de 2023, a administração municipal informou novamente que estava em conversas com o governo do Estado para captação dos recursos da obra.

No início de 2023, foi instalada uma proteção metálica no entorno do teatro, algo classificado por pessoas ligadas a movimentos sociais e à área cultural como uma construção hostil a pessoas em situação de rua. A Prefeitura se defendeu, afirmando que “em nenhum momento, tomou essa decisão para hostilizar ninguém, e sim para evitar atos de vandalismo, que não necessariamente são cometidos por pessoas em situação de rua”.

Questionada novamente por Século Diário sobre o andamento dos processos para a reforma do Teatro Rubem Braga, a Prefeitura de Cachoeiro não deu retorno até a publicação desta reportagem.

Post original através de www.seculodiario.com.br

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