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Tontom Périssé estreia no teatro querendo afirmar identidade: ‘Tenho uma família artística, mas nossos trabalhos são diferentes’ | Teatro

Tontom Périssé estreia no teatro querendo afirmar identidade: ‘Tenho uma família artística, mas nossos trabalhos são diferentes’ | Teatro

Antonia Périssé se jogou no chão e lá ficou estatelada, gritando várias vezes “nããão!”, no instante em que o apresentador Márcio Garcia anunciou que exibiria um vídeo bem-humorado no qual a menina aparecia interpretando uma bruxa má. “Não tenho vergonha de fazer essas coisas, mas quando vejo acho ridículo”, murmurou a criança, que acompanhava a mãe, a atriz e comediante Heloísa Périssé, e a irmã mais velha, a também atriz Lu Périssé, no palco do antigo programa “Tamanho família”, da TV Globo. Passados oito anos do episódio, a adolescente — que não é mais uma garotinha —ainda vê pulsar a timidez da infância por baixo da pele. Ou não.

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— Esse lado ainda vive comigo. Mas não sei se sou necessariamente tímida. Sou só mais reservada. Acho que é isso. A partir do momento que piso num palco, independentemente de quem esteja ao meu redor, parece que estou numa reunião de amigos íntimos. Me sinto muito à vontade. Curioso, né? — divaga a jovem de 17 anos, salientando que, em vários aspectos, não puxou à mãe. — Gosto de conversar, mas não sou sempre a que mais fala ou a que conta piada.

Talvez por isso, ela diz, o sobrenome famoso não represente um peso. Às voltas com a estreia como atriz e cantora nos teatros — na peça “Djavanear: um tanto flor, um tanto mar”, em cartaz até domingo no Sesc Copacabana, após uma temporada elogiada em São Paulo —, a artista jura que dá de ombros para as eventuais comparações com a mãe e o pai, o diretor Mauro Farias.

— Nunca tive essa preocupação. Primeiro, porque sempre fui confiante em relação ao meu trabalho e tal. E, depois, porque as artes cênicas não são a minha primeira opção. Não cogito tanto andar pelo mundo da atuação — frisa. — Tenho uma família artística, e não há como fugir disso. Mas nossos trabalhos são totalmente diferentes. A gente não caminha pelo mesmo lado.

Mundo da música

O apelido que ela recentemente adotou como alcunha artística (“Quando me chamam de Antonia nem acho que é comigo”, ela brinca) indica, coincidentemente, a escala profissional que a carioca pretende dedilhar. Tontom Périssé, como é chamada, acabou de gravar um EP, com cinco músicas autorais e previsão de lançamento neste ano. Enquanto a obra não vem, ela termina o último ano do Ensino Médio, se prepara para prestar vestibular para o curso de música (“Sempre foi um sonho”, destaca) e se dedica aos tablados, em um… musical — sem deixar de lado, portanto, os dós, rés, mis, fás.

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Produção com texto de Mauro Ferreira e Regina Miranda — e direção desta última em parceria com Eduardo Barata —, “Djavanear…” propõe uma releitura da obra do compositor e músico alagoano. Em cena, sob direção musical de Alfredo Del-Penho, artistas de diferentes gerações (Karen Julia, Leila Maria, Mattilla e Paula Santoro, além de Tontom) se apropriam de pérolas como “Flor-de-lis”, “Açaí”, “Azul” e “Oceano” para esmiuçar temas relacionados ao amor.

— Mostramos como esse sentimento está presente em cada uma de nós, mulheres e artistas dos 17 aos 67 anos, apesar de sermos tão diferentes — descreve Tontom.

Ao lado de Xuxa

Apesar de novata, a jovem já acumula experiência no métier artístico há mais ou menos uma década. Aos 11 anos, ela deu as caras no espetáculo infantojuvenil “Alice no País da Internet”, ao lado da mãe e da irmã — desde os 6, a garota fazia aulas de teatro, por interesse pessoal (“esse desejo sempre existiu em mim”, ela lembra). Aos 7, iniciou os estudos de piano. Aos 11, passou a ter lições de canto. Aos 14, decidiu empunhar violões e começou a criar músicas próprias, algo que ela expõe, vez ou outra, por meio das redes sociais. Até que, no último ano, a jovem foi convidada a estrelar o filme “Uma fada veio me visitar” (2023), baseado no livro homônimo de Thalita Rebouças, ao lado de Xuxa e Vitória Valentim. O trabalho lhe abriu portas importantes, como Tontom reconhece.

De lá para cá, Heloísa Périssé tenta persuadir a caçula a realizar um projeto em família, junto com ela e a outra filha.

— As duas tentam me convencer disso — conta Tontom, aos risos. — Mas sou mais nova, e ainda estou buscando meu caminho próprio. Quero, primeiro, criar uma identidade minha ou pelo menos um começo para isso, sabe? Sei lá!

Djavanear: um tanto flor, um tanto mar

Onde: Sesc Copacabana (Teatro de Arena). Rua Domingos Ferreira 160, Copacabana — 3180-5226. Quando: sex, sáb e dom, às 20h. Até domingo. Quanto: R$ 30. Classificação: 12 anos.

Post original através de oglobo.globo.com

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