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Primeiros-bailarinos do Teatro Municipal do Rio, Ana Botafogo e Marcelo Misailidis reeditam parceria, agora no samba | Carnaval

Primeiros-bailarinos do Teatro Municipal do Rio, Ana Botafogo e Marcelo Misailidis reeditam parceria, agora no samba | Carnaval

Depois de lotar plateias Brasil afora, Ana Botafogo e Marcelo Misailidis — primeiros-bailarinos do Theatro Municipal do Rio (TMRJ), cargo mais importante do ballet da companhia — irão se reencontrar. Só que, em vez do palco, da sapatilha de ponta e da dança a dois, eles são as apostas da Imperatriz Leopoldinense rumo ao bicampeonato: ela dirige pela primeira vez um primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, enquanto ele será o coreógrafo da comissão de frente da agremiação por mais um ano. A escola é a última a entrar na Sapucaí neste domingo.

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— São quesitos absolutamente ligados. O final da apresentação de um tem que estar absolutamente ligado com a apresentação do outro, e essa ligação é ensaiada. A Ana Botafogo assiste aos meus ensaios, eu assisto aos dela, e existe uma troca o tempo inteiro — conta Misailidis.

Juntos desde 1991, quando formavam um par no ballet, entre eles “Giselle”, hoje os dois seguem parceiros também na direção de espetáculos, como o “ST Tragédias”, que reestreia no Rio no segundo trimestre.

Ana Botafogo e Marcelo Misailidis: parceria nos palcos que chegou à Sapucaí — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo

O primeiro a se aventurar no carnaval foi Marcelo Misailidis, em 1998, ao assumir a comissão de frente da Unidos da Tijuca meio que “sem querer”. Naquela época, descreve ele, a carreira no ballet “estava no auge”, mas aceitou o desafio da agremiação, que precisava fazer frente a uma das comissões mais fortes da época, a da Imperatriz, comandada pelo coreógrafo Fábio de Mello.

— Minha estreia é desastrosa, no sentido da desorganização — lembra Misailidis, que viu a escola ser rebaixada naquele ano. — Eu não queria sair por baixo e combinei de ficar com minhas condições: um sistema profissional para administrar a criação de um espetáculo para a comissão de frente.

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A Tijuca foi campeã do grupo de acesso de 1999 e a carreira de Misailidis no carnaval deslanchou. Atualmente, tem quatro títulos do Grupo Especial — Vila Isabel, 2013; Beija-Flor, 2015 e 2018; e Imperatriz, 2023 — e suas comissões de frente ganharam o Estandarte de Ouro outras quatro vezes.

Segundo o coreógrafo, seu sucesso influenciou a entrada de outros artistas como ele no mundo das escolas de samba. Atualmente, comissões de frente de nove escolas do Grupo Especial (75% das 12 agremiações) têm representantes do Theatro Municipal, como a dupla Claudia Mota e Edifranc Alves, na Tuiuti, e Hélio Bejani, atual regente do corpo de ballet do TMRJ, que comanda a comissão da Grande Rio ao lado da mulher, Beth Bejani. De acordo com Misailidis, a experiência com trabalhos cênicos — seja na TV, no ballet ou no teatro — é importante para pensar a apresentação “como um clipe”, em que se escolhe que história, dentro do enredo, você quer contar.

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— No teatro, é como se precisasse de um atleta que corra 100 metros. Já no carnaval, você tem que pensar num maratonista: alguém que chegue horas antes, espere a sua vez e desfile por mais 50 minutos. Ainda tem que ter capacidade de resistência porque se apresenta embaixo de chuva, ou em situações que você não consegue controlar. Enquanto no teatro se tem a ideia de ser visto só na quarta parede, na Sapucaí não tem para onde se esconder — completa Misailidis.

Sem férias

Coreógrafa das comissões de frente da Mocidade (2006) e da Vila Isabel (2007), Ana Botafogo está de volta ao carnaval este ano, quando estreará na direção artística de um casal de mestre-sala e porta-bandeira, composto por Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro. Segundo a bailarina, a coreografia fica a cargo do casal campeão em 2023, e que sua função é trazer um “olhar de fora” para orientá-los sobre o que funciona melhor para o público, por exemplo.

Ao todo, eram três ensaios por semana na Cidade do Samba, entre setembro e dezembro. Neste período, Phelipe e Rafaela ainda frequentaram aulas com personal, seguiram as orientações de um nutricionista, ensaiaram na quadra e na rua, além de treinarem no Sambódromo.

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— Entre o Natal e o ano-novo, ensaiamos praticamente a sós na Sapucaí. Eles (outras escolas) tiraram férias; nós não — observa Ana Botafogo. — Uma preocupação minha é ensaiar com a própria roupa do desfile, porque é tanto brilho, é tanta pedra, é tanto peso, que vira outro exercício.

O mestre-sala precisa cortejar a porta-bandeira, que carrega o símbolo máximo de uma escola: o seu pavilhão. Além da preocupação com o aquecimento do casal, especialmente nas articulações, já que a Imperatriz levará um enredo ligado a uma cigana, Ana Botafogo também ofereceu à dupla uma aula com um professor de dança flamenca para que entendessem, por exemplo, a importância do movimento dos braços.

— Estou feliz de entrar num quesito que tem tudo a ver com meu olhar de bailarina e professora de dança. Sou muito grata ainda por estar numa escola em que o Marcelo Misailidis também está, onde podemos, mais uma vez, fazer uma parceria, um torcendo pelo outro — conclui Ana Botafogo.

Post original através de oglobo.globo.com

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