×

Teatro UFF abre agenda de março com diversas atrações

Teatro UFF abre agenda de março com diversas atrações

Elenco de “Brás Cubas” – Divulgação

O Teatro UFF terá, neste mês de março, uma programação diversificada, com espetáculos pata todos os gostos. Neste sábado (2), às 18h, Claudia Abreu sobe ao palco como Virgínia, mergulhando no universo de Virginia Woolf em sua estreia como autora teatral.

Virgínia é o resultado dos vários atravessamentos que Virginia Woolf (1882-1941) provocou em Claudia Abreu ao longo de sua trajetória. A vida e a obra da autora inglesa são os motores de criação deste espetáculo, fruto de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos.

Ana Beatriz Nogueira estrela “Sra. Klein” – Divulgação

Primeiro monólogo da carreira da atriz, o solo marca ainda a sua estreia na dramaturgia e o retorno da parceria com Amir Haddad, que a dirigiu em ‘Noite de Reis’ (1997). A montagem estreou em Julho de 2022 em São Paulo, no Teatro do SESC 24 de maio, em março de 2023 retornou à São Paulo para uma segunda temporada no TUCA, já cumpriu duas temporadas no Rio de Janeiro em 2022 e 2023, além de ter se apresentado em cidades como Belo Horizonte (MG), Porto alegre (RS), Santa Maria (RS), Santa Cruz do Sul (RS), Campinas (SP), São José dos Campos (SP), São José do Rio Preto (SP), Ribeirão Preto (SP), Piracicaba (SP), Araraquara (SP), Jundiaí (SP), Fortaleza (CE), Mossoró (RN), Natal (RN) e Goiânia (GO). A montagem já foi vista por mais de 30.000 pessoas.

Bisa Bia, Bisa Bel – João Pedro Pina/Divulgação

A relação de Claudia com Virginia Woolf começa em ‘Orlando’, encenação assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, ela travou contato inicial com a escritora de clássicos como ‘Mrs Dalloway’, ‘Ao Farol’ e ‘As Ondas’. No entanto, somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, que a atriz reencontrou e mergulhou de cabeça no universo da autora. Após ler e reler alguns livros, incluindo as memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virginia falou mais alto.

“Eu me apaixonei por ela novamente. Fiquei fascinada ao perceber como uma pessoa conseguiu construir esta obra brilhante com tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas que teve na vida. Como ela conseguiu reunir os cacos?”, questiona a atriz, que enxerga ‘Virginia’ também como um marco de maturidade em sua trajetória: “o texto também vem deste desejo de fazer algo que me toca, do que me interessa falar hoje. De falar do ser humano, sobre o que fazemos com as dores da existência, sobre as incertezas na criação artística, também falar da condição da mulher ontem e hoje. Não poderia fazer uma personagem tão profunda sem a vivência pessoal e teatral que tenho hoje”, avalia.

A chegada de Amir ao projeto veio ao encontro do desejo de Claudia em encenar o seu próprio texto. ‘Ele tem como premissa a liberdade, permite que o ator seja o autor de sua escrita cênica, isso foi fundamental em todo o processo. O ator é um ser da oralidade, a maior parte do texto foi escrita a partir do que eu improvisava de maneira espontânea e depois organizava como dramaturgia’, relata a atriz, que se aventurou na escrita pela primeira vez com o roteiro da série ‘Valentins’, em 2017, da qual também é cocriadora.

Brás Cubas

Já no dia 8 de março, é a vez de o novo espetáculo da Armazém Companhia de Teatro, Brás Cubas, estrear em um teatro niteroiense. Nessa versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima de Machado de Assis, que está indicada para ao Prêmio APTR de Teatro em cinco categorias, o Bruxo do Cosme Velho é trazido para o centro de cena como personagem. Com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça, a nova montagem da Armazém tem elenco formado por Sérgio Machado, Jopa Moraes, Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Felipe Bustamante e Lorena Lima, iluminação de Maneco Quinderé, cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes, figurinos de Carol Lobato e direção musical de Ricco Vianna.

“Brás Cubas é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que tem uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira –, era muito sedutor. Mas traduzir a experimentação formal de Machado para o palco – conversando com o público de hoje – me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a descoberta da peça tem sido como fazer com que essa literatura sutil se transforme numa ação dramática contundente.” (Paulo de Moraes, diretor)

A peça da Armazém desmembra o personagem Brás Cubas em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas. “Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, comenta o diretor. A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira. “Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo.”, finaliza Paulo.

Brás Cubas está indicado ao Prêmio APTR de Teatro nas categorias de Espetáculo, Direção, Dramaturgia, Cenografia e Jovem Talento (a atriz Lorena Lima). Em outubro de 2023, o espetáculo participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes figuras do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat.

No fim de 2022, a Armazém Companhia de Teatro completou 35 anos de atividades ininterruptas apresentando seu novo espetáculo NEVA em sua sede, o Espaço Armazém, no Rio de Janeiro, e mais recentemente em temporada no Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros, em São Paulo. Com mais de 40 prêmios nacionais no currículo, a companhia também foi premiada duas vezes no Festival Fringe de Edimburgo (na Escócia), com o prestigiado Fringe First Award (2013 e 2014) e no Festival Off de Avignon (na França), com o Coup de Couer de la Presse d’Avignon (2014).

Sra. Klein

Na sequência, o sucesso Sra Klein, que teve ingressos esgotados em São Paulo e no Rio em 2023, retorna aos palcos para uma curta temporada em Niterói, de 14 a 17 de março. Embora ambientado há quase 90 anos, o texto do autor inglês Nicholas Wright — com adaptação brasileira de Thereza Falcão — segue atual, como atesta o diretor, Victor Garcia Peralta. “A história é sobre uma família disfuncional, a relação tóxica entre mãe e filha. O público vai se identificar demais porque sempre há dificuldades nesses vínculos”, explica ele, que já havia montado o texto há 33 anos, na Argentina.

As histórias familiares da psicanalista austríaca Melanie Klein (1882-1960) exercem fascínio no mundo todo e a peça já foi encenada no Brasil duas vezes — nos anos 1990, com Ana Lúcia Torre, e, em 2003, com Nathália Timberg à frente do elenco, ambas sob a direção de Eduardo Tolentino de Araújo. Foi ao assistir à segunda montagem de Tolentino que Ana Beatriz Nogueira desejou pela primeira vez viver a personagem-título. Vinte anos depois, a tarimbada atriz está realizando este sonho — ela estreou a montagem em São Paulo, no Sesc 24 de Maio, ao lado de Natália Lage e Kika Kalache, em junho de 2023, e no Rio, lotou o Teatro Prudential e o Teatro das Artes, respectivamente, em agosto passado e em janeiro deste ano.

“É um texto muito bem feito, que remete aos clássicos em termos de estrutura, e com o qual o público se identifica demais. Eu me lembro que fiquei com a peça na cabeça desde que a vi. Pensei comigo: ‘Quando for mais velha, eu quero fazer’. A gente deseja fazer certos papéis mais velhos, com a idade da personagem, embora em teatro tudo seja possível. Só que é mais interessante estar mais madura como atriz”, comenta Ana Beatriz Nogueira, também produtora da peça, feliz com o retorno.

A atriz mergulhou numa longa pesquisa sobre a obra e a personalidade da psicanalista. “Essa peça é mais sobre lidar com a vida do que com a morte, e isso inclui, claro, questões cotidianas e os lutos das nossas certezas e crenças”, explica. A realização do espetáculo é da Trocadilhos 1000 Produções Artísticas, da atriz Ana Beatriz Nogueira.

3 Maneiras de Tocar no Assunto

Fechando o mês, o premiado espetáculo 3 Maneiras de Tocar no Assunto faz uma curta temporada no Teatro da UFF, dos dias 22 a 24 de março. O monólogo se apresenta pela primeira vez em Niterói, tendo em cena o ator niteroiense Leonardo Netto, que também assina o texto.

Um tema, três solos curtos. O espetáculo é um manifesto artístico contra a homofobia na sociedade moderna, com dramaturgia e atuação de Leonardo Netto e direção de Fabiano Dadado de Freitas. A peça está nos palcos desde 2019 e recebeu os prêmios Cesgranrio (Melhor Texto Nacional Inédito, Ator e Categoria Especial, pela direção de movimento de Marcia Rubin), APTR-RJ (Melhor Autor e Iluminação) e Cenym de Teatro Nacional (Melhor Monólogo), acumulando quase 20 indicações em premiações.

Os três solos independentes colocam em pauta questões relacionadas à homossexualidade, ao preconceito contra o homossexual e a comunidade LGBT em geral. Os textos fazem uma interlocução direta com o público: o que há, afinal, de tão incômodo, maléfico e repugnante na homossexualidade? Por que, através dos tempos, ela teve sempre de ser punida? Por que a orientação sexual de uma pessoa a transformar num cidadão de segunda classe, com menos direitos que o resto da população? “Homofobia mata todo mundo: o pai que teve a orelha arrancada por beijar o filho, os irmãos que foram linchados por andarem abraçados. Não adianta achar que você está livre porque você não é gay. Estamos vivendo um retrocesso de entendimento sobre isso, um conservadorismo estúpido. A população LGBT no Brasil está alijada de quase setenta direitos previstos na Constituição”, ressalta o autor, que abordou o tema por três instâncias distintas: a Escola, a Lei e o Estado.

No primeiro solo, O homem de uniforme escolar, o público assiste a uma aula de bullying homofóbico: o que é, como praticar e quais as suas consequências físicas e emocionais? São histórias reais de crianças e jovens que sofreram com o preconceito e a intolerância na escola. Na sequência, O homem com a pedra na mão parte do depoimento ficcional de um dos participantes da Revolta de Stonewall, ocorrida em junho de 1969 em Nova York, um marco fundamental da luta pelos direitos da comunidade LGBT. Uma descrição minuciosa da noite em que os frequentadores (gays, lésbicas, travestis, drag queens) do bar Stonewall Inn reagiram, pela primeira vez, a mais uma batida policial no local. O último solo, O homem no Congresso Nacional, foi construído a partir de falas e pronunciamentos do ex-deputado federal Jean Wyllys, proferidos entre janeiro de 2011 e dezembro de 2018. Para criar o texto, Leonardo assistiu e transcreveu discursos, falas, entrevistas e declarações do parlamentar e, cuidadosamente, criou o depoimento de um deputado gay e ativista na tribuna da Câmara.

Bisa Bia, Bisa Bel

Também nos dias 23 e 24, às 16h, o sucesso de público e crítica Bisa Bia, Bisa Bel comemora no Teatro da UFF o décimo ano de carreira, desde a sua estreia em 2014, e os sete prêmios recebidos, incluindo o de “melhor espetáculo do ano”, nas duas principais premiações da cidade em sua temporada inicial. A curta temporada faz parte do lançamento do projeto “Circulação Estadual – NOSSA VOZ!” que levará a várias cidades do estado do Rio espetáculos que abordam como temas como questões de gênero, homofobia, racismo; envolvendo os Direitos Humanos, e visando reforçar a necessidade de darmos voz a grupos que são discriminados historicamente, projeto idealizado pelo produtor e ator Alexandre Mofati. O espetáculo se apresenta pela primeira vez na cidade de Niterói, cidade natal da diretora e adaptadora da montagem, Joana Lebreiro, vencedora de Melhor texto adaptado pelas premiações CBTIJ e Zilka Sallaberry, além de Melhor direção pelo CBTIJ.

O espetáculo tem como ponto de partida um grupo de cinco crianças, que juntas, leem o clássico de Ana Maria Machado. A partir daí, o livro ganha vida no palco através de canções e jogos, onde os amigos brincam e interpretam os personagens. Em Bisa Bia, Bisa Bel, a autora nos conduz pela história da menina Isabel que, no convívio imaginário com sua bisavó e sua bisneta, vai aprendendo a conviver consigo mesma, em sua travessia para a puberdade. Ela encontra o retrato de sua bisavó, Beatriz, e começa a ouvir a voz de Bisa Bia que a acompanha sempre dando conselhos, com suas opiniões sobre as atitudes de uma mocinha bonita e “bem-comportada”, além de aguçar sua curiosidade pelas coisas de antigamente.

Em contraponto, surge a voz de sua futura bisneta Beta, ainda não nascida, com a visão de uma mulher do futuro e independente. Na fantasia de Isabel, essas vozes se confrontam e a menina mergulha na memória de sua família, buscando sua identidade, e acaba descobrindo por si mesma que as três – Isabel, Bisa Bia e Neta Beta – juntas são invencíveis. Com uma mistura do real com o imaginário, a narrativa aborda questões como memória e identidade, revelando diferentes concepções sobre o papel da mulher ao longo da História.

“Esse livro marcou a minha infância. Ele conta uma história emocionante com humor, poesia e lirismo. Quando pensei em adaptá-lo para o teatro, não queria que a montagem fosse uma tradução literal do livro, mas uma verdadeira brincadeira em cima do palco. Meu objetivo é despertar nas crianças e nos pais o desejo de ler o livro depois de sair do teatro”, explica a diretora e adaptadora Joana Lebreiro.

“Quando escrevi Bisa Bia, Bisa Bel estava com muita saudade das minhas avós. Vontade de falar sobre elas com meus dois filhos. Não imaginava que pouco depois ia ter uma filha e essa linhagem feminina ainda ia ficar mais significativa para mim e que este livro fosse ganhar tantos prêmios e tocar tanto os leitores”, conclui a autora Ana Maria Machado.

Ingressos disponíveis para venda no Guichê Web: www.guicheweb.com.br/pesquisa/centrodeartesuff ou na Bilheteria no Teatro da UFF – todos os dias, de 14 às 21h.

Itaipu-Itaipuaçu: Caminhão causa grave acidente na RJ-102, a estrada da SerrinhaItaipu-Itaipuaçu: Caminhão causa grave acidente na RJ-102, a estrada da Serrinha



Post original através de folhadoleste.com.br

Post Comment