Grupo de Teatro Cristão mais antigo de Manaus volta a encenar a Paixão de Cristo

No próximo dia 29 de março os cristãos relembram mais uma vez a Paixão de Cristo. A Semana Santa iniciará em 24 de março, encerrando no dia 31 com o Domingo de Páscoa. E novamente o Grutec (Grupo de Teatro Cristão), com sede no bairro de Santo Antônio, encena esse evento até hoje tão marcante, como faz há quase 50 anos.

O Grutec é o grupo de teatro mais antigo de Manaus ainda em atuação. Ele foi fundado no dia 1º de maio de 1976 e em todas essas décadas nunca deixou de encenar não só a Paixão de Cristo, mas também outras peças ao longo do ano. Fundado pela religiosa conhecida como irmã Cidinha que, enquanto trabalhou em Manaus esteve à frente da montagem da peça. Atualmente a irmã mora em São Paulo. Uma curiosidade no Grutec é que ainda existem remanescentes da fundação do Grupo, os cinco irmãos Pinto: Aurino, Dedé, Sérgio, Ednelson e Francisco, que começaram ainda crianças e adolescentes e agora, senhores, continuam dando sua contribuição para que o Grupo permaneça atuando. Outros pioneiros do Grutec foram os jovens catequistas: José Cunha do Carmo, Vera Lúcia, Reimar Nascimento, e Socorro Lima.

“O Grutec reúne 38 integrantes com participação ativa nas peças, entre homens, mulheres e crianças. Até 2018 éramos um grupo que tinha vínculo com a igreja de Santo Antônio, onde o grupo começou, mas isso nos impedia de participar de editais de cultura, pois esses editais pedem o CNPJ, e nós não tínhamos. Foi então que, em comum acordo com o padre da paróquia, decidimos ficar independentes e estamos criando um instituto”, falou José Roberto de Medeiros Freire, coordenador geral do Grutec.

Sem Lei Rouanet

Em 2019, devido à pandemia, o grupo parou de montar e encenar peças, retornando somente em 2023 tendo como sede não mais a igreja de Santo Antônio, mas a residência de Paulo José, vice-coordenador do Grutec.

“Mas continua a nossa parceria com a igreja de Santo Antônio, tanto que nossa apresentação, nos dias 29 e 31 de março, será na quadra da igreja”, adiantou José Roberto.

Sem apoio da Lei Rouanet, ou qualquer outro tipo de incentivo cultural, o Grutec se mantém pelo prazer de seus integrantes de fazer arte. Eles contam com o patrocínio de pequenos comerciantes do bairro, que contribuem como podem, e quando esse patrocínio não consegue cobrir os custos, o jeito é tirar do próprio bolso. O grupo também não se resume somente à encenação da Paixão de Cristo.

“Quando termina a Paixão de Cristo, começamos a ensaiar a peça para o Dia das Mães. Ano passado foi ‘Mãe, mulher verdadeira’, dos irmãos Edilson (falecido ano passado) e Evandro Costa. Para o Dia dos Pais ensaiamos ‘Meu pai do Céu’, escrita por mim, mas que não foi possível encenar. No Dia das Crianças apresentamos um show intitulado ‘Riso – ria se quiser, chore se puder’. No Natal não apresentamos uma peça com a temática tradicional de Natal, mas com um tema que fale sobre inclusão social. A peça do ano passado foi ‘Projeto de vida’, do Raimundo (Dhaya) Cavalcante, que também é compositor”, informou.

Na época do governo militar (1964 a 1985) o Grutec chegou a ter peças de cunho social censuradas.

Vários profissionais integram o Grutec. São artistas plásticos, cabeleireiros, músicos, entre outros, que se empenham para a realização das peças, e o grupo está sempre aberto a quem se interessar em se juntar a ele.

Todos fazem de tudo

“A encenação de Paixão de Cristo começa e termina retratando pontos da anunciação, nascimento, vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, de forma sintética, extraídas todas as passagens de cenas bíblicas”, explicou Valderes Souza, diretor do espetáculo.

“Do Cristo, aos doze anos, quando Maria e José o encontram no meio dos doutores até a ressurreição, 21 anos depois, apresentaremos para o público manauara, mais uma vez, com todo empenho do grupo, a Paixão de Cristo, o Filho de Deus”, completou.

“Serão 92 pessoas envolvidas nesse espetáculo, entre atores e figurantes, e todo mundo faz de tudo, cenografia, sonoplastia, iluminação. Temos três costureiras, que fazem as roupas dos personagens, mas temos um local onde são guardadas as roupas das peças passadas, utilizadas, depois, quando necessário. Já os cenários são desmontados depois do final de cada encenação, pois não temos onde guardá-los”, revelou José Roberto.

Os ensaios para a peça estão acontecendo desde o início do ano, às terças, quintas e sextas-feiras com o grupo se preparando para as apresentações que acontecerão nos dias 29 (Sexta Feira da Paixão) e 31 de março (Domingo de Páscoa), às 20h, na quadra da igreja, rua Padre Francisco, 350 – Santo Antônio.

“O ingresso é um quilo de alimento não perecível, depois doado para a igreja, que realiza um trabalho junto à comunidade carente do Santo Antônio, como fazia Jesus, enquanto nós, do Grutec, como acontece há 48 anos, levamos a palavra do Senhor através da arte”, concluiu José Roberto.

Informações: 9 8603-7400

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