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Teatro Alberto Maranhão recebe espetáculo sobre tradição e modernidade

Teatro Alberto Maranhão recebe espetáculo sobre tradição e modernidade

A produtora Casa de Zoé volta aos palcos com novo espetáculo, explorando mais uma vez as fronteiras entre tradição e modernidade, regional e universal. É o que será visto na peça “Clenyldes e Clenôrys – ou A Irresoluta História de Paraíso, a maior pequena cidade do mundo”, que estreia dia 05, com duas sessões (sexta e sábado), no Teatro Alberto Maranhão. A obra escrita e dirigida por César Ferrario consolida a linguagem já exibida pelo grupo em “Meu Seridó” e “Sinapse Darwin”, suas produções anteriores. A apresentação faz parte da programação do Abril das Artes, projeto da Fundação José Augusto.

O terceiro trabalho da Casa de Zoé apresenta uma narrativa contemporânea em sintonia com as raízes nordestinas de seus criadores. A obra reúne um conjunto de referências que circulam entre o realismo fantástico latino de Gabriel Garcia Marquez e Dias Gomes, e o absurdo encontrado nas estruturas das tramas de cordel. Para César Ferrario, o novo trabalho deve consolidar entre o público a linguagem que a Casa deseja estabelecer em suas produções.

Peça tem narrativa contemporânea em sintonia com as raízes nordestinas | Foto: Divulgação

A história se passa na fictícia cidade de Paraíso, com uma geografia imprecisa e difícil de posicionar no espaço e no tempo. As informações sobre ela chegam de maneira fragmentada, através do sinal esquivo da Rádio Paraíso, na voz rouca do seu locutor. É dia de festa, véspera de Santo Antônio, uma data sempre animada pelo astro maior da localidade, Toninho Gogó de Aço. É também o dia em que as gêmeas Clenyldes e Clenôrys nascem, em uma mistura de felicidade extrema e profunda tristeza, pois Clênia, a matriarca, morreu logo após dar à luz.

O espetáculo narra os eventos subsequentes, desde os repetidos festejos e aniversários das gêmeas, até a ascensão do Coronel Ortiz e sua tropa, que impõem um período sombrio à cidade. É nesse contexto que as circunstâncias levam Clenyldes e Clenôrys a confrontarem o Coronel, levando a história ao seu desfecho. A peça explora a dualidade universal presente no pensamento humano. Essa estrutura narrativa, além do apelo filosófico, atende aos preceitos das expressões populares, uma premissa das produções da Casa de Zoé.

O elenco, composto por Titina Medeiros, Nara Kelly, Dudu Galvão, Ananda K, Camille Carvalho, Tiquinha Rodrigues, Yves Fernandes, Robson Medeiros e Toni Gregório, desdobra-se em diversos personagens. Apesar da centralidade das gêmeas Clenyldes e Clenôrys, fio condutor e o embrião de toda a narrativa, a trama se desenvolve de forma circular, das bordas para o centro. A direção de arte é assinada por João Marcelino, com luz de Ronaldo Costa, e direção musical de Caio Padilha.

César Ferrario conta que “Clenyldes e Clenôris” é uma ideia que circula pela sua cabeça há pelo menos oito anos, mas que só agora foi concretizada. O processo de criação foi iniciado em novembro de 2023, na Fundação Hélio Galvão, onde a Casa de Zoé se instalou em parceria com a Bobox Produções, também produtora do espetáculo.

O diretor e ator acredita que a nova peça atesta a linguagem do grupo em questões de conteúdo e forma. “Esse espetáculo tem muitas diferenças e ao mesmo tempo semelhanças com os anteriores. Ele segue reafirmando nosso vínculo com a região nordeste, aliado a toda uma estética moderna. O novo e o tecnológico encontrando a tradição. Queremos essa combinação”, diz.

Após a estreia no TAM, “Clenyldes e Clenôrys” tem um longo caminho pela frente. Segundo Ferrario, a peça terá ainda umas 20 apresentações até o fim do ano. Ele ressalta que o espetáculo tem uma estrutura versátil, que pode ser adaptada para variados tipos de espaço. “A ideia é capilarizar a peça e ir para todas as regiões da cidade, vamos procurar editais, festivais, e o que mais possa levar nossa mensagem adiante”, conclui.

Serviço:
Espetáculo “Clenyldes e Clenôrys – ou A Irresoluta História de Paraíso, a maior pequena cidade do mundo”. No TAM, sexta às 20h, e sábado às 16h e 20h. Ingressos gratuitos, uma hora antes da sessão.

Post original através de tribunadonorte.com.br

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