Arte Daqui: Conheça Marcelo Porqueres, ator de Americana integrante do grupo mantenedor do Teatro Fábrica das Artes
Cultura na região
O teatro surgiu por acaso na vida do artista, que precisou equilibrar sua paixão com um emprego durante anos
Por Stela Pires
07 de abril de 2024, às 08h28
Link da matéria: https://liberal.com.br/cultura/cultura-na-regiao/arte-daqui-conheca-marcelo-porqueres-ator-de-americana-integrante-do-grupo-mantenedor-do-teatro-fabrica-das-artes-2147006/
Subir aos palcos ao redor do Brasil e viver da arte teatral nunca foi a pretensão do ator Marcelo Porqueres, de Americana. Quem o vê dirigindo peças, atuando, dando aulas de encenação e mantendo o Teatro Fábrica das Artes, junto ao restante do GTT (Grupo Teatral Ta’lento) – mantenedor do espaço -, não imagina que o acaso o levou a ser artista.
Foi de um convite para o palco que muitos outros surgiram em sua vida. Estudante da Escola Estadual João XXIII, na Vila Santa Catarina, Marcelo acompanhava da plateia as aulas de teatro que sua namorada da época, Juliana Gobbo (que ainda se tornaria sua esposa), frequentava.
A rotina foi quebradaquando o professor o convidou para se juntar ao exercício que eles estavam realizando e, a partir daquele momento, Marcelo percebeu que era aquilo que ele queria.
Ele sempre gostou de literatura, poesia e música, mas nunca tinha cogitado o teatro, pelo menos até aquele dia. Marcelo então começou a frequentar as aulas, mas desta vez como aluno.
A eletiva continuou até o professor precisar encerrar o trabalho na escola, mas naquele ponto o teatro já fazia sucesso entre os alunos e existiam dois grupos dedicados à arte: Arte e Expressão e TAJ (Teatro Arte Jovem), que se juntaram e formaram o GTT. A partir dali, traçam um novo caminho.
Juntos decidem procurar um diretor para o grupo. Por intermédio da professora de artes, conseguiram o contato de uma pessoa que trabalhava com teatro, o Carlos Justi, que aceitou assumir a direção do grupo, no ano de 1995.
Com isso, o primeiro espetáculo sai do papel, o “Atrapalhando os atrapalhados”, apresentado internamente no João XXIII. Os trabalhos externos começaram de 1996 para 1997 com a produção de “Tabarim Salsicheiro”, apresentado em vários pontos da cidade.
O primeiro espetáculo de sucesso e que lançou o grupo no cenário teatral foi “O Julgamento”, uma peça baseada em um texto do alemão Heiner Müller. “Foi um sucesso”, lembra Marcelo.
Eles foram premiados no antigo Festival de Teatro de Americana, assim como em diversas premiações realizadas pelo Brasil. Depois de ficarem dois anos em cartaz com o espetáculo, decidem produzir uma nova peça, o “Édipo Rei”, que, desta vez, estrearia em um espaço próprio do grupo: o Teatro Fábrica das Artes, inaugurado em 8 de junho de 2001.
Trajetória tardia
“Eu comecei tarde no teatro, aos 17 anos. Hoje eu dou aula para crianças, eu sou professor de teatro em uma escola de Santa Bárbara na qual sou concursado, e tem crianças com nove e dez anos que já começaram”, diz Porqueres.
Aos 17, assim como muitos, Marcelo já estava na fase da vida de decidir quais seriam os próximos passos. “Quando o teatro chega na minha vida eu eu já estava trabalhando em escritório”, conta.
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Durante cerca de 10 anos, o ator precisou conciliar sua paixão pelo teatro com o seu trabalho na área da contabilidade por causa de um problema comum entre os atores, o de não conseguir se manter apenas na arte.
O GTT continuava na ativa com montagens de espetáculos e indo para festivais, mas Marcelo ainda não podia se entregar por completo. Ele então busca a profissionalização na área, até que decide largar o emprego de vez.
“Eu fui me preparando para isso e olha quanto tempo, com quase 30 anos eu começo a trabalhar só com teatro”. Hoje, aos 47, Marcelo é realizado enquanto ator, professor e “dono” de teatro.
“A minha profissão é artista, eu posso dizer isso hoje”. Foi desse ofício que ele conquistou tudo que tem em sua vida: amigos, a casa e o Fábrica das Artes.
Arte Daqui
“Arte Daqui” é uma série de reportagens do Caderno L, que no primeiro domingo de cada mês apresenta personalidades que fomentam a cultura das cidades da RPT (Região do Polo Têxtil).
Post original através de liberal.com.br
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