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Segundo espetáculo da ColetivA Ocupação traz dança, teatro e rebelião ao palco do Teatro da USP – Jornal da USP

Segundo espetáculo da ColetivA Ocupação traz dança, teatro e rebelião ao palco do Teatro da USP – Jornal da USP

“ERUPÇÃO – O Levante ainda não Terminou” cria cena de Festa e Guerra em que quinze artistas da companhia articulam histórias, corpos e linguagens por meio da performance

Por Fábio Larsson

ERUPÇÃO, da coletivA ocupação. ph. Mayra Azzi

Entre 19 de abril e 12 de maio, a coletivA ocupação chega à sala do Teatro da USP (Tusp) na rua Maria Antônia para uma temporada de seu segundo e mais novo espetáculo, ERUPÇÃO – O Levante Ainda não Terminou. Criada por estudantes e artistas que se conheceram no calor do movimento das ocupações nas escolas secundaristas que marcou o ano de 2015 em São Paulo e no Brasil, a coletivA completa agora em 2024 oito anos de existência e trabalho contínuo.

Com apresentações gratuitas (quintas a sábados, 20h, domingos, 18h; ingressos 1h antes de cada sessão), a companhia cria neste espetáculo uma cena de Festa e Guerra em que teatro, dança e performance espiralam o tempo. Ao longo da peça, 15 performers se transfiguram em seres de diferentes cosmologias e tempos. Vivendo na Boca do Vulcão, eles modificam seus corpos e se transmutam em outros mundos e seres, na Erupção da história.

Durante um pouco mais de uma hora a ColetivA Ocupação resgata as memórias da feiticeira Tituba de Barbados, da Revolução do Haiti, da Revolta dos Malês em Salvador. Alguns performers evocam histórias familiares: ficamos sabendo de abusos e humilhações sofridos por mães e avós. Sem tirar o pé do chão da história eles constroem uma crítica potente e cheia de humor.
Jane S de Oliveira

ph. Renato Coelho

A dança e linguagem coletivA nascem da investigação do corpo que carrega uma rememoração pessoal, mas que também quer inventar novos corpos e vidas. Palavras, músicas e imagens são elaboradas a partir de uma dramaturgia própria e colaborativa. A Erupção como pulsão é traduzida em gestos, corpos que incarnam revoltas do passado e presente.

Entre os tremores da experiência da colonialidade, a companhia se pergunta em um contexto de luta: O que é o fim de mundos e a criação de novos? A resposta:
A Retomada da cena. A retomada da terra. ColetivA.

A coletivA
Para a coletivA, pesquisar, narrar e dar corpo às revoltas é uma emergência que encontra lugar no teatro. Além do corpo insurgente, a coletivA pesquisa o conceito de Festa e Guerra, que se constrói a partir de dispositivos como: intervenção no espaço cênico e relação com o público; Coro e Dança como dispositivos de linguagem; a palavra que nasce a partir de experiências comuns e biográficas; a dramaturgia a partir de documentos e relatos históricos; e a música-combate.

Em um encontro entre rebelião e teatro, entre formação e criação, a companhia se define como um levante diário – ou território, grupo, bando ou coro – de artistas e colaboradores dessa geração, criando espaços de investigação de linguagens, articulando experiências, memórias, tempos, gestos e movimentos que têm sua raiz nos combates, na festa e na guerra. São corpos em revolta e em criação, que dançam e que lutam.

Desde seu primeiro espetáculo, Ǫuando Ǫuebra Ǫueima, o grupo tem construído desde 2018 um percurso de apresentações, residências e oficinas para jovens nos principais festivais e teatros do Brasil e de outros países. No Brasil, foi apresentado no Festival de Curitiba, FIT Rio Preto (Festival Internacional de Rio Preto), Cena Brasil Internacional (RJ), Festival de Londrina, IC Encontro das Artes (SA). Na Europa, no Festival Transform, em Leeds, no Contact Theater, em Manchester, Festival MEXE da cidade do Porto, e no Festival Panorama, no Centre National de La Danse de Paris. Realizou residência e temporada no Battersea Arts Centre, em Londres, onde foi premiado por melhor direção (Martha Kiss Perrone) no Stage Debut Awards, e indicado na categoria “IDEA Performance” pelo prêmio Offies. Em junho de 2019, a coletivA ocupação foi contemplada pelo Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, com o projeto “Ǫuando Ǫuebra Ǫueima: circulação para estudantes de São Paulo | Pausa para Existir”, apresentado em mais de 10 escolas públicas, fábricas de cultura e centros culturais.

Serviço
ERUPÇÃO – O Levante Ainda não Terminou
Quando: De 18 de abril a 12 de maio, de quinta a sábado, às 20h; e no domingo às 18h.
Onde: Tusp – Teatro da Universidade de São Paulo (R. Maria Antônia, 294 – V. Buarque, São Paulo – SP), próximo ao metrô República ou Higienópolis Mackenzie
Gratuito (com retirada 1h na bilheteria) | 14 anos | 90 minutos

(Imagens: Mayra Azzi / Renato Coelho)



Post original através de
jornal.usp.br

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