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Fake news cancela peças de teatro em municípios de MS

Fake news cancela peças de teatro em municípios de MS

Uma fake news envolvendo o Grupo UBU de teatro em Mato Grosso do Sul acabou resultando em uma série de cancelamentos de apresentações culturais em municípios do estado. Ao todo, quatro prefeituras não autorizaram a encenação das peças, que segundo o diretor do grupo, Anderson Bosh, falam sobre amor e família.

“O projeto está em desenvolvimento desde o ano passado, então todas as prefeituras já tinham recebido nosso material, sabiam do que se tratava, estamos nas redes sociais para todo mundo ver”, explica o presidente do grupo, ator e diretor, Anderson Bosh.

O projeto, intitulado “UBU Trans – Transformando Caminhos e Fronteiras”, oferece apresentações gratuitas de dois espetáculos em nove cidades de Mato Grosso do Sul. Provavelmente por causa do termo “trans”, que neste caso faz referência a palavra “transformando”, o projeto foi acusado de disseminar ideologia de gênero.

A peça acabou sendo cancelada em três cidades que faziam parte do roteiro original, que prioriza cidades fronteiriças de Mato Grosso do Sul, sendo elas, Laguna Carapã, Amambai, Coronel Sapucaia e Paranhos.

Cena do espetáculo “Uma Moça da Cidade”, que faz parte do projeto. (Foto: Vaca Azul)

Lilian Tavares, diretora de cultura de Paranhos, informou que realmente o cancelamento ocorreu pelas notícias falsas.

“Fizemos uma reunião e resolvemos cancelar pelo bem estar de todos. Após nos inteirarmos de supostas manifestações, devido a fake news que estão sendo espalhadas. Nós sabemos que que o projeto é algo sério, ouvimos e vemos depoimentos de onde já ocorreu e sabemos que as fake news não procede, porém como a cidade é pequena e qualquer manifestação gera muito tumulto, resolvemos cancelar”, explicou ao Primeira Página.

Fake News

Nas redes sociais, internautas chegaram a publicar que “a escola não é lugar para ideologia de gênero. Inaceitável”.

A informação, conforme Anderson, é falsa. “Eles fazem assim: criam fake news. Estão dando um prejuízo imenso. São 37 pessoas que dependem desse projeto”, reforça Anderson.

“Em nenhum projeto a gente faz discurso de gênero ou política de gênero. Somos um grupo de 33 anos de carreira, de formação continuada, respeitados no Brasil inteiro. Fomos o único que ficou 3 meses em São Paulo, apresentamos em todos os teatros de lá. Acabamos de passar no projeto da Funart (Fundação Nacional de Artes). Representaremos Mato Grosso do Sul pra 7 estados e 2 países. Não tiveram a dignidade de nos procurar antes de fazer essa ação”, declara Anderson.

No projeto, as peças “Pelega e Porca Prenha” e “Uma Moça da Cidade” são apresentadas.

“As peças falam de família, amor, resgatam memória de nossa infância (…) ‘Pelega’, por exemplo, tem 21 anos [de montagem] e ‘Uma Moça da Cidade’, 24 anos. Ele é um dos mais premiados no estado (…) Nossa proposta era levar essa mensagem, da construção da nossa identidade cultural, sobre o amor e família. E agora a gente se depara com isso que está acontecendo. Em Aral Moreira foi um sucesso! Pediu para a gente permanecer [na cidade], para outra turma da escola e outras comunidades assistirem, tanto que o projeto contribuiu na cidade”, destaca Anderson.

O Primeira Página procurou as prefeituras de Laguna Carapã, Amambai e Coronel Sapucaia em busca de esclarecimentos sobre o cancelamento, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.



Post original através de primeirapagina.com.br

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