Último trabalho de Jô Soares, peça que deu origem ao termo ‘gaslighting’, cheia de humor, estreia no Rio | Teatro e dança

Refém de abusos psicológicos do marido, uma dona de casa da década de 1875 acredita estar louca. Esse é o mote de “Gaslight, uma relação tóxica”, que estreia nesta sexta-feira (23), no Teatro Clara Nunes, depois de temporada em São Paulo. Último trabalho de Jô Soares (1938-2022) — que assina a tradução, adaptação e direção junto com Matinas Suzuki, mas morreu pouco antes de sua estreia —, a peça escrita pelo inglês Patrick Hamilton em 1938 foi parar na Broadway e, seis anos depois, virou filme.

Foi a partir do sucesso da obra, tanto no teatro como no cinema, que o termo “gaslighting” passou a ser adotado como sinônimo de manipulação psicológica sistemática, em que a vítima é levada a acreditar que suas memórias estão erradas.

Na trama, Bella (Erica Montanheiro) se casa com Jack (Giovani Tozi), um homem doce, que, com o tempo, se torna hostil e tenta convencer a mulher de que ela está louca.

— Apesar de se passar no século XIX, o texto não fica datado. Pelo contrário, é de contemporaneidade grande. Na história, o Jack escurece as luzes para confundir a esposa e, quando ela o questiona, ele nega que tenha havido mudanças na intensidade. Na época, as luzes eram alimentadas a gás. Daí a origem do termo, que ganhou força com o movimento feminista nos anos 1960 — explica Erica.

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Para Maurício Guilherme, que dirige o elenco formado ainda por Maria Jona, Leandro Lima e Mila Ribeiro, o diferencial da montagem é autenticidade de Jô.

— Sem trair o texto original, ele adicionou doses de humor e ironia, o que sabia fazer como ninguém.

Programe-se:

Onde: Teatro Clara Nunes, Gávea. Quando: Sex e sáb, às 20h. Dom, às 19h. Até 2 de junho. Estreia sexta, dia 24. Quanto: De R$ 100 a R$ 120. Classificação: 12 anos.