Do Projeto Guri para teatros e estádios: violoncelista fala sobre emoção de integrar orquestra que tocou para Andrea Bocelli | Sorocaba e Jundiaí
Um projeto social como caminho e muita disciplina, horas de estudo e apoio da família como sustentação. Resultado: uma grande conquista para coroar todo esse trabalho. É assim que se sente Gabrielle Graciano Pessoa, de 21 anos, moradora do bairro Maria de Fátima, em Várzea Paulista (SP).
Ex-participante do Projeto Guri, ela integrou a orquestra que tocou na turnê do astro italiano Andrea Bocelli realizada no Brasil, em maio deste ano. Ao g1, ela contou como foi esse desafio.
“O convite foi uma surpresa para todo mundo. A viagem foi muito divertida, muito legal. É uma parte que a gente não tem muito contato, a gente que é músico erudito. Estamos acostumados a tocar em teatro, na Sala São Paulo. De repente, a gente vai fazer uma turnê, viajar”, relata.
Entre os compromissos na agenda, estava a emoção de se apresentar no estádio Allianz Parque, em São Paulo.
“Era muita gente e uma emoção muito grande a gente entrar no palco e ver tanta gente animada e feliz de ouvir a nossa música, feita pela gente, pela orquestra, pelo Coro Jovem de São Paulo, e que a gente compôs esse show para o Bocelli, para o público. Não só para o Bocelli, mas com o Bocelli.”
Com o peso da importância dos artistas e das apresentações, ela conta como se sentiu.
“Foi sensacional, uma experiência inigualável. Nunca pensei que fosse passar por isso, me senti uma popstar, mesmo não sendo o foco do show. Foi muito legal receber esse convite para fazer música junto a uma das maiores vozes do mundo“, diz.
Gabrielle também fala sobre a receptividade do público.
“É um público super receptivo, caloroso, a gente vê o sorriso do público, do maestro, pela música que a gente fez. Essa satisfação não tem igual, não tem nada que eu consiga comparar. E é justamente isso que me faz querer continuar nesse mundo e seguir minha carreira, fazer música para artistas como o Bocelli e para o público.”
Todas as apresentações foram feitas em maio e ocorreram em Brasília, Belo Horizonte e São Paulo, todas em estádios e arenas. Gabrielle esteve em todos.
Influência dos pais e apoio da família
Gabrielle lembra que começou na área por causa dos pais.
“Eles me colocaram para fazer musicalização infantil, com três, quatro aninhos. Com o violoncelo, eu comecei com oito anos. E aí, a gente começou com uma igreja perto de casa, em um projeto social que eles tinham, só que não tinha professor. E aí, minha mãe me inscreveu no Projeto Guri. Foi lá que comecei a aprender sobre o violoncelo, o que era uma orquestra e a teoria musical. Também tive aula de canto e coral, o que foi muito importante para a minha formação”, relembra.
Ainda sobre o apoio da família, incluindo os avós e pais, ela faz outra revelação: “minha mãe colocava música clássica para eu ouvir, quando ainda estava dentro da barriga dela“, diz.
Ela conta, ainda, que, no Projeto Guri, teve aula com a professora Tábata Lima. “Infelizmente, ela não participa mais do projeto, mas foi uma grande professora, muito importante no início dos meus estudos.”
A violoncelista ficou um ano e meio no Projeto Guri, dos oito aos 10 anos. Lá, teve aulas coletivas de violoncelo e também prática orquestral. “Era um pequeno grupo, mas que ajudava muito para as práticas coletivas, porque a música não é individual, ela faz parte de um coletivo”, afirma.
Do projeto, ela passou para a MJ, que é a Escola de Música de Jundiaí. Na instituição, ganhou uma bolsa, e foi aluna da violoncelista Angelique Camargo. A jovem também participou de um pequeno grupo de músicos especializados em música de câmara, que ela considera fundamental para a sua formação. Na instituição, ficou até os 13 anos.
A partir daí, outro grande passo: a artista passou a participar da Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp).
“Foi nessa fase da minha vida que eu me entendi como musicista. Foi quando eu entendi que queria música, eu me apaixonei. Aquilo me encantava, eu queria fazer parte deste mundo”, explica. Adriana Lombardi foi uma de suas professoras.
Nesse momento, ela começou a participar de festivais eruditos. Aos 17 anos, ingressou na Unicamp. Em 2024, começou na Orquestra Jovem do Estado de São Paulo (Ojesp), que foi convidada a tocar na turnê do italiano Andrea Bocelli.
“Meu sonho acabou não sendo só meu, mas de toda a minha família”, reforça a jovem, que chega a praticar música até seis horas por dia.
Gabrielle quer terminar a faculdade esse ano, fazer mestrado sobre música na Alemanha e, posteriormente, participar de alguma orquestra profissional.
Atualmente, ela continua bolsista da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, sob regência de Cláudio Cruz. “Quero ver o que o futuro me reserva”, completa.
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Post original através de g1.globo.com
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