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Em turnê, grupos de teatro do RN levam 70ª apresentação à Natal

Em turnê, grupos de teatro do RN levam 70ª apresentação à Natal

Três grupos potiguares de teatro que se uniram em 2022 para a realização de apresentações conjuntas se reúnem neste domingo (9) para um momento especial. A obra “Ubu: o que é bom tem que continuar!” terá sua 70ª apresentação para arrecadar fundos para ajudar na reconstrução da sede do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre (RS), um dos mais importantes coletivos do país, que teve seu espaço invadido pelas águas e boa parte do espaço do acervo destruído. O espetáculo vai tomar o palco do Tecesol, em Neópolis, Natal, a partir das 19h. Os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla.

A união entre Clowns de Shakespeare, Asavessa e Facetas nasceu em um momento de retomada de espetáculos culturais, em que a pandemia começava a perder sua força e a vacinação já havia iniciado no país. 

“Nós fomos os primeiros a pararmos e um dos últimos a voltarmos a trabalhar. Então o Ubu acaba sendo um trabalho de resistência, um trabalho em que três grupos resolvem se juntar para tentar juntar forças para retomar”, diz Fernando Yamamoto, um dos fundadores dos Clowns, grupo criado em 1993 em Natal.

A primeira apresentação foi em outubro de 2022, em Campo Grande (MS). Ao todo, já passaram por 14 estados, nas cinco regiões. “Ubu: o que é bom tem que continuar!” tem como ponto de partida as personagens Pai e Mãe Ubu, da clássica obra Ubu Rei, de Alfred Jarry. No texto de 1888, o poeta, romancista e dramaturgo francês trata das rocambolescas armações do casal Ubu em uma busca insaciável pelo poder. Situando-se como uma possível continuação do trabalho do autor, o espetáculo potiguar desloca esses personagens para um país/lugar-nenhum com ares latino-americanos, onde Pai e Mãe Ubu continuam a saga alucinada e incansável pelo poder em meio à influencers e cachos de bananas. 

“Os atores tocam e cantam em cena e, como teatro de rua, ele [Ubu] tem uma pegada social muito importante. O ato em si só de ir pra rua e de fazer na rua é já em si um ato político e social, mas a própria temática do espetáculo que aborda uma questão do totalitarismo, dos golpes para tomada de poder, de que um déspota, um totalitarista é capaz de fazer para continuar também no poder”, destaca Rodrigo Bico, do Facetas. 

“E a gente faz tudo isso com muito humor, com muita brincadeira, colocando o público para interagir dentro da cena. E por onde a gente tem passado, tem sido uma recepção muito legal. É um espetáculo que aborda uma reflexão crítica muito importante. Nós temos aí um público que se diverte também e que muitas vezes pode até concordar com os totalitarismos, com os problemas que a gente aborda dentro do espetáculo, mas que acaba naquela condição do teatro de rua, refletindo sobre os problemas do nosso país, do mundo, dos avanços do fascismo. Então é um trabalho que faz com que o público reflita, que o público se divirta e que o público participe diretamente do nosso espetáculo”, aponta Bico.

Recentemente, o espetáculo passeou pelo Norte. Segundo Yamamoto, o Ubu está sendo levado para lugares onde o teatro normalmente não vai: comunidades indígenas quilombolas e assentamentos do MST. No Pará, a apresentação foi feita numa ilha distante uma hora de barco de Ananindeua, em que todo o cenário teve que viajar também de barco com os atores, para apreciação de 50 moradores.

“Isso tem sido muito bonito para a gente, a oportunidade da gente chegar a lugares que a gente nunca chegou, boa parte deles que sequer o teatro já chegou em algum momento”, aponta Yamamoto.

Solidariedade com o Ói Nóis Aqui Traveiz

O grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, do Rio Grande do Sul, tem uma história de quase 50 anos de ações permanentes, que remonta à resistência contra a ditadura militar. De acordo com Fernando Yamamoto, o grupo gaúcho está fazendo um mutirão nos últimos dias, depois da sede ter sido atingida pelas chuvas que atingiram o estado. 

“Não só a gente é muito parceiro deles, como são uma grande referência para nós, é um grupo muito importante para o teatro brasileiro. A gente resolveu fazer essa apresentação em que toda a bilheteria vai ser revertida para esse grupo”, explica.

Serviço

Apresentação da obra Ubu: o que é bom tem que continuar!

Quando: 9 de junho

Horário: 19h

Local: Tecesol (Rua Governador Valadares, 4853, Neópolis, Natal)Ingressos: por meio do Sympla (https://www.sympla.com.br/evento/ubu-pelo-oi-nois/2493040?referrer=linktr.ee). A inteira custa R$ 30 e a meia, R$ 15.



Post original através de saibamais.jor.br

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