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Atriz Zezé Polessa encarna Nara Leão em espetáculo no Teatro Alberto Maranhão

Atriz Zezé Polessa encarna Nara Leão em espetáculo no Teatro Alberto Maranhão

A eterna musa da bossa nova, Nara Leão (1942-1989) não deixou apenas canções imortais, mas também uma trajetória de pioneirismo e atitude na cultura brasileira. A diva tropicalista inspirou a atriz Zezé Polessa a encarnar sua vida e obra no espetáculo “Nara”, que chegará a Natal em uma temporada de quatro dias no Teatro Alberto Maranhão. De 04 a 07 (quinta até domingo), Zezé contará a história da cantora em texto e música, numa obra escrita e dirigida por Miguel Falabella.

Nara Leão é um nome essencial para se entender a música, a cultura e a sociedade brasileira dos anos 60, 70 e 80. No espetáculo, Nara aparece como se estivesse vindo de algum lugar do futuro – ou do passado – para compartilhar com o público algumas lembranças e reflexões. Através de um grande fluxo de consciência, o texto relembra momentos e canções da cantora sem preocupação com cronologias, datas ou qualquer outra formalidade.

Zezé interpreta ao vivo alguns dos muitos sucessos da cantora, como “A Banda”, “Corcovado”, “Marcha da Quarta-feira de Cinzas”, entre outros. Com direção musical de Josimar Carneiro, o espetáculo perpassa os diversos estilos e movimentos dos quais Nara participou. Em constante mutação, ela nunca se deixou rotular ou ficar presa a um determinado gênero.

Nara esteve no coração do nascimento da bossa nova, flertou com o Tropicalismo, participou dos festivais da canção, protagonizou o lendário show “Opinião”, com João do Vale e Zé Ketti (e foi quem escolheu a estreante Maria Bethânia para substituí-la), resgatou antigos compositores, cantou samba-canção, músicas de protesto, rock’n’roll e clássicos da Jovem Guarda.

As canções surgem no palco para pontuar alguns dos momentos de uma vida que se confunde com a história do Brasil daquela época. Ao longo das cenas, alguns temas vêm à tona, como a repressão sofrida no período da ditadura militar, o exílio, o avanço do debate feminista, a revolução comportamental das décadas de 60 e 70, a maternidade, os célebres casos de amor, e as demais paixões da cantora.

Não é a primeira vez que Zezé Polessa canta em cena, mas interpretar uma artista que ela ouve e admira desde sempre, tem um sabor especial. “As canções de Nara me acompanham há muito tempo, eu já sabia as letras de uma boa parte do repertório, e agora o desafio foi justamente selecionar quais as músicas que entrariam na peça, já que ela produziu muito ao longo da vida e gravou sempre canções pertinentes e necessárias”, declarou a atriz.

Zezé também falou que não procura “imitar” Nara no palco, há uma liberdade oferecida pela interpretação teatral. A própria personagem diz na peça que está de volta graças ao teatro. “Quando eu tive vontade de fazer a Nara, falei com Miguel que sabia já não ter mais a idade dela, mas ele logo disse que isso não tinha a menor importância. Eu não procuro imitar o seu jeito de falar ou cantar, existe uma liberdade em todo este processo, não poderia ser diferente com alguém que sempre foi tão livre”, afirmou.

Zezé Polessa e Miguel Falabella se conheceram em 1979, na montagem de “O despertar da primavera”, no Parque Lage, de onde despontaram uma série de outros nomes como Maria Padilha, Daniel Dantas e Rosane Goffman.
Desde então dividiram o palco em espetáculos como “Mephisto” e “O Submarino”, também com texto de Miguel.

Em 1996, ela estrelou a premiada “Florbela Espanca – A Bela do Alentejo”, outro monólogo sobre uma personalidade feminina marcante. A trajetória da dupla se fortaleceu ainda nas novelas Salsa e Merengue e A Lua me disse, em que Miguel escreveu personagens especialmente para Zezé.

Serviço:
Espetáculo “Nara”. De 04 a 07 de julho, no Teatro Alberto Maranhão. Quinta e sexta às 19h, sábado e domingo às 18h. Vendas no Sympla ou bilheteria do teatro. As sessões terão intérpretes de Libras.

Post original através de tribunadonorte.com.br

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