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Teatro Máquina revisita espetáculo 10 anos depois em temporada no Dragão | Vida & Arte

Teatro Máquina revisita espetáculo 10 anos depois em temporada no Dragão | Vida & Arte

Foto: Tamiris Lima/Divulgação
Peça “Diga que você está de acordo! MÁQUINAFATZER”, do Teatro Máquina

Durante a Primeira Guerra Mundial, quatro soldados se encontram presos em uma casa. O grupo é formado por desertores e caso resolvam sair do lugar podem ser presos. O dilema de espera em meio ao enclausuramento é o que guia a peça “Diga que você está de acordo! – MÁQUINAFATZER”, do Teatro Máquina.

Com 10 anos desde a estreia, realizada em 2014, a montagem será revisitada pela companhia nesta terça-feira, 23, e segue em cartaz até 25 de julho, no Teatro Dragão do Mar. A produção surgiu a partir de pesquisas de Fran Teixeira, a época em processo de doutoramento, fazia estudos sobre Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão.

A produção foi submetida ao Laboratório de Teatro da Porto Iracema das Artes, na primeira edição da iniciativa. “Participamos da primeira turma e foi uma das experiências mais importantes para nós”, relembra Teixeira. Na época, o grupo teve como tutor o argentino Guillermo Cacace, que nunca havia assistido a trama. Mas virá assistir a peça pela primeira vez na reencenação.






Peça "Diga que você está de acordo! MÁQUINAFATZER", do Teatro Máquina(Foto: Tamiris Lima/Divulgação )

Foto: Tamiris Lima/Divulgação

Peça “Diga que você está de acordo! MÁQUINAFATZER”, do Teatro Máquina

“Já havíamos investigado parte do material com o nosso grupo na criação de situações de jogos de exercícios e uma investigação aberta sobre o que seria. Trabalhamos com esses fragmentos, mas não são situações finalizadas”, relembra a diretora e uma das fundadoras do Teatro Máquina. “Existiam encenações anteriores, e obviamente a nossa é uma dramaturgia possível a partir dos fragmentos”.

Uma das atrizes da produção, Loreta Dialla destaca que a produção foi um ponto de virada em sua atuação. “Sinto o lugar da atuação também de forma mais expandida não só na minha relação com os outros atores. Mas na minha relação com as outras materialidades da cena como a iluminação, os objetos presentes, além dos meus colegas de cena”.

“Sinto que de fato eu troco com tudo com tudo que tá presente, nesse trabalho eu consegui vivenciar o teatro de outras formas”, acrescenta. Fabiano Veríssimo, Felipe de Paula, Márcio Medeiros e Levy Mota completam o elenco ao lado de Loreta. “Nós voltamos e encontramos outras nuances, novidades ali possíveis para ressignificar esse material”, continua Dialla.

“Nós nos perguntamos por que voltamos para esse trabalho, o que é que a gente quer com ele no presente, né? Qual é a crítica que a gente está perseguindo?”, salienta a artista. “É um espaço também de buscar outro nível de sensibilidade na atuação, na relação não apenas com as pessoas em cena, mas também com as coisas que estão presentes ali, existindo. Isso vem de um nível de sensibilidade que incorpora a luz com o movimento das coisas, o som das coisas, ajudando a incorporar não só a mim como matéria corpo, mas também a obra”, elucida.

Para Loreta esse retorno para a produção é significativo por também marcar a volta para à sala de ensaio. “Era uma coisa que a gente também queria muito. Sentimos muita falta depois desse ato que vivemos assim tão prolongado com a situação da pandemia e enfim diante das próprias crises que estávamos vivendo não só em relação ao isolamento. Mas as nossas crises artísticas no grupo e que de alguma forma faz com que a gente também se mantenha junto”, ilustra Dialla, que está no Teatro Máquina desde 2010.

Atualmente o grupo ensaia na Casa da Esquina, sede do grupo de teatro Bagaceira, Veneta Filmes e Onça Preta Filmes. “Então, para nós também tem essa alegria, essa pulsação de estar junto de novo na sala de ensaio não só revisitando esse material, mas tentando dar novos sentidos para ele hoje”, finaliza a atriz.

O Teatro Máquina não conta com nenhum incentivo financeiro hoje, diferente da época em que a peça estreou em 2014. “A gente tinha submetido o projeto também ao prêmio Prêmio Myriam Muniz/Funarte, que é para montagem. Fomos contemplados com esse recurso e aí conseguimos realizar a peça na época, em uma produção que reuniu 50 pessoas, entre cenotécnicos e técnicos de som”, detalha Fran Teixeira.

Trazer as questões propostas pelos rascunhos de Bertolt Brecht para o presente é algo que a montagem consegue fazer por si só, segundo Fran Teixeira. “Trabalhamos para que a obra chegue nessa possibilidade crítica, vamos dizer assim, não é? Mas a obra tem uma dimensão que é construída em torno da crítica”, explica a diretora e produtora da peça.

“Mas não somos nós que estamos ali inserindo elementos, por exemplo o tema da Guerra ou o que fazer diante da Guerra? O que acontece é pensar sobre a história e isso tem a ver com a história dos objetos e a memória de cada coisa”, exemplifica Fran. “Mesmo acontecendo em um período distante é algo que ainda reverbera e se repete na história, com os conflitos na Ucrânia e Palestina”, finaliza Fran.

“Diga que você está de acordo! MÁQUINAFATZER” – Temporada especial de 10 anos

  • Quando: 23, 24 e 25 de julho, às 19h30min
  • Onde: Teatro Dragão do Mar (rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
  • Quanto: R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira)
  • Mais informações: @teatromaquina

Bate-papo com Guillermo Cacace e o Teatro Máquina

  • Quando: Dia 26, às 16 horas
  • Onde: Auditório da Escola Porto Iracema das Artes (rua Dragão do Mar, 160 – Praia de Iracema)
  • Gratuito

Aula-aberta “Práticas Autorais Situadas”, com Guillermo Cacace

  • Quando: dia 26, às 18 horas
  • Onde: Auditório da Escola Porto Iracema das Artes (Rua Dragão do Mar, 160 – Praia de Iracema)
  • Gratuito 

Post original através de mais.opovo.com.br

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