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Após Grupo Silvio Santos emparedar acesso, Teatro Oficina lava muro em protesto

Após Grupo Silvio Santos emparedar acesso, Teatro Oficina lava muro em protesto

Integrantes do Teatro Oficina, de São Paulo, realizaram um protesto contra o Grupo Silvio Santos, que emparedou partes de acesso do local, que é tombado pelo Iphan, desde 2010. Os atores se organizaram para lavar o muro com uma infusão de ervas. O público que passava pela Bela Vista, bairro na região centro sul de São Paulo, foi convidado a participar do ato.

“Feitiçaria do teatro”, descreveu uma das atrizes, ao divulgar cenas do ato, da última terça-feira, dia 6.

Atores do Teatro Oficina realizam protesto contra Grupo Silvio Santos — Foto: Reprodução

O episódio faz parte de uma briga que se estende há 40 anos entre o Grupo Silvio Santos e o grupo teatral comandado por Zé Celso Martinez, que morreu em julho de 2023. A empresa do homem do baú é dona do terreno vizinho ao teatro e por lá eles pretendem erguer torres residenciais. A companhia teatral diz que essa construção desfiguraria a arena de espetáculos, com amplas janelas com vista para a cidade, um elemento das criações teatrais do local.

Em meio ao embate, também instalou-se uma discussão para que se instale um parque na área vizinha ao teatro, chamado de Parque do Rio Bixiga, onde hoje funciona um estacionamento. O edifício cênico foi desenhado por Lina Bo Bardi e Edson Elito e conta com tombamentos de órgãos de patrimônio em São Paulo.

Silvio Santos e Zé Celso Martinez em uma das audiências de conciliação na Justiça — Foto: Reprodução de internet

Veja mais a ação:

O que diz o Grupo Silvio Santos

Em nota, o Grupo Silvio Santos reconheceu que fez as alterações no patrimônio, mas que contava com autorização judicial para realizar o serviço. “O GSS só buscou reparar o estado original de nosso imóvel após longa e exaustiva discussão Jurídica que reconheceu, nos autos do processo, que a referida escada nunca havia sido parte do tombamento do Teatro Oficina”.

No mesmo documento, o grupo diz que obteve “decisão favorável nesse sentido, e cumprimos com a decisão Judicial. O correto teria sido a outra parte ter executado o reparo, mas, pela incapacidade financeira alegada, o Juízo entendeu que se o GSS poderia fazê-lo”. Por fim diz que têm “muito respeito pelo Teatro Oficina e esperamos que compreendam”.

O que diz o Iphan

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou uma vistoria técnica no Teatro Oficina na última terça-feira, dia 6. O órgão alega que não autorizou a obra. A decisão precisa passar por eles, já que se trata de uma construção tombada.

Apresentador, hoje com 92 anos, é pais de seis filhas

“O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), realizou, na tarde de terça-feira (6), uma vistoria de fiscalização no Teatro Oficina. A visita foi realizada após notícia do emparedamento da fachada posterior do edifício por parte do proprietário do imóvel vizinho. Por ser um bem tombado, qualquer intervenção no local precisa ser previamente aprovada pelo Iphan que, no entanto, não foi consultado. A partir da vistoria, técnicos do Iphan irão produzir um parecer da situação e avaliar as alternativas e medidas cabíveis”.

O que diz o Teatro Oficina

A companhia se diz pega de surpresa com a movimentação do Grupo Silvio Santos e afirma que acionará o juiz responsável pelo caso pois acreditam que emparedar os arcos altera um imóvel tombado — o que deveria ocorrer somente autorização dos órgãos de patrimônio. Além da obra, uma escada metálica que fazia conexão entre o teatro e a área externa ligada ao dono do SBT foi retirada.

— Entendemos que essas alterações poderiam violar o tombamento. No início do ano, o próprio Ministério Publico (MP) entendeu (junto à Justiça) que a escada poderia ser retirada. Mas o fechamento da abertura dos arcos só poderia ser feito após a análise do órgão que promoveu o tombamento do teatro — diz o advogado do Oficina, Juca Novaes. — Só que isso ocorre em meio a um acordo do MP e da Prefeitura para que se construa o parque. Esse acordo foi noticiado em dezembro e inclui uma universidade. Esse fator vai viabilizar toda a área do entorno.

O advogado diz que, diante da movimentação do projeto que envolve o parque e a prefeitura, pediu que o processo de retirada da escada e de tapar os arcos fosse suspenso por 90 dias.

— Na sexta passada, o juiz intimou que o Grupo Silvio Santos se manifestasse sobre o pedido de suspensão. Eles não estão impedidos de tirar a escada, isso foi reconhecido, esse despacho foi feito em novembro (do ano passado). Só que eles estão tirando a escada no momento em que o juiz está apreciando um pedido de suspensão do processo. Outra coisa é o fechamento da abertura (dos arcos) eles não poderiam fazer isso — diz Juca.

Post original através de extra.globo.com

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